Num período mais que secular, que vai da restauração do domínio lusitano em 1654 até os decênios da segunda metade do século XVIII, a história da economia pernambucana constitui território praticamente virgem. Este estudo de Gustavo Acioli Lopes tem o grande mérito de desbravar aspectos fundamentais do tema no que diz respeito à inserção da capitania no tráfico de escravos com a Costa da Mina (aspecto até agora ignorado) e a decorrente expansão da produção de fumo por pequenos agricultores em toda a área entre Alagoas e Goiana, a qual se destinava na maior parte a atender o mercado africano. O autor reconstitui detidamente os altos e os baixos do funcionamento desta engrenagem comercial, sem perder de vista as relações paralelas então existentes entre a Bahia e a Costa da Mina, privilegiadas pela historiografia, além de situar o tráfico de Pernambuco na sua dimensão atlântica. O esforço do autor torna-se ainda mais louvável em face da dispersão e da variedade das fontes arquvísticas a que recorreu dentro e fora do Brasil, para não mencionar o domínio da extensa bibliografia estrangeira que versa a história do tráfico africano. Cumpre aludir igualmente ao tratamento quantitativo a que Gustavo Acioli Lopes logrou submeter assunto tão fugidio.
Evaldo Cabral de Mello
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